Artigos para Imprensa

Objecto: Artigos Vários para Revista Cofre - ilustração de Nuno Saraiva
Objectivo: Escrever artigos sobre hábitos humanos, fazer reportagens e dar notícias várias

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O Rabo-de-cavalo

Antes da domesticação do rabo-de-cavalo terão existido muitos outros penteados que apenas necessitavam de sujidade como acessório (ver rastas). À falta de uma história universal capilar, deduz-se que o rabo-de-cavalo tenha surgido quando um macho das cavernas puxou a fêmea até aos arbustos e ela decidiu perpetuar esse efeito de prender o cabelo com um pedaço de ráfia. Durante séculos e nas mais diversas culturas a escolha de cortes e penteados sempre seguiu mais estatutos que modas. Vamos cortar a direito. Corriam os anos 900 quando no território correspondente à Ucrânia, nascia o chupryna - literalmente “arenque” - um penacho solitário existente num cocuruto rapado. A utilização era exclusiva dos militares cossacos. Quando os shoguns Tokugawa governaram o Japão surgiu o chonmage, um curto rabo-de-cavalo usado pelos samurais que ajudava a segurar o capacete. O chonmage tornou-se um penteado iniciático, mas hoje apenas lutadores de sumo o usam e, quando se reformam, têm uma cerimónia de corte.
Tradicionalmente todos os homens hindus usavam o sikha, um penacho de cabelo muito parecido com o chupryna. A entrada na idade adulta não implicava um corte do sikha; deixavam-no crescer ao longo de toda a vida, escondido pelos turbante e só desatado em celebrações funerárias. No século XVII, os Manchus chegaram ao poder na China e impuseram a trança chinesa - trança que desce abaixo da cintura – como corte de cabelo masculino oficial. Quem não cumprisse, estaria a resistir à nova dinastia e era obrigado a cortar o cabelo ao mesmo tempo que a cabeça.
As variações deste meme são infindáveis, seja o tsiiyéél dos índios Navajo, as tranças dos soldados ingleses do século XVIII ou o rabo-de-cavalo do Steven Seagal, provavelmente o mais famoso de sempre a seguir ao de Karl Lagerfeld. Não falámos aqui da versão feminina, mas falamos de Coco Chanel - a rainha dos estilos masculinos e práticos - terá sido ela a responsável por apresentar o rabo-de-cavalo à moda, da qual nunca mais saiu.